Natural de Salvador, o jornalista, ficcionista, mestre e doutorando em literatura pela Universidade Federal da Bahia, Carlos Ribeiro (foto) é autor de mais de cinco livros. Atual membro da Academia de Letras da Bahia (ALB), confira abaixo uma super entrevista com ele.
Como surgiu a vontade de escrever?
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Eu já escrevia diários desde a adolescência. Na verdade, eu anotava o que acontecia durante o dia, mas sem nenhuma pretensão literária. Depois, o meu texto ganhou, gradativamente, um estilo próprio, pessoal. O que me dava prazer não era só contar os fatos, mas retratá-los da minha maneira. Em 1979, na faculdade de jornalismo, uma experiência existencial muito forte me levou a buscar uma nova forma de expressão. Escrevi, então, o meu primeiro conto, intitulado "O encontro", que atendia melhor a minha necessidade de expressar aquela experiência. Eu o enviei para o concurso permanente de contos do Jornal da Bahia, organizado pelo jornalista Adinoel Motta Maia, e foi publicado. Foi quando percebi que poderia fazer literatura.
Como se sentiu ao conseguir publicar seu primeiro livro?
Em 1981, escrevi um livro de contos, Já vai longe o tempo das baleias, que retrata a vida dos moradores no bairro de Itapuã. O livro foi lançado pela Coleção dos Novos, da Fundação Cultural do Estado da Bahia, como prefácio de Ruy Espinheira Filho. De lá para cá publiquei mais seis volumes, entre conto, romance, novela e ensaio.
É difícil conciliar o trabalho de jornalista com o de escritor?
Para mim não. No meu caso, uma atividade ajuda a outra. O texto jornalístico utiliza uma linguagem mais limitada, em termos expressivos, voltada para a divulgação de fatos e acontecimentos reais. Já os textos dos livros apresentam uma linguagem literária, ficcional. Sabendo utilizar as duas coisas, simultaneamente, como no jornalismo literário, o resultado pode ser muito bom.
Para você, qual a importância de ser um membro da Academia de Letras da Bahia?
A importância é ter meu trabalho como escritor reconhecido por pessoas que compõem uma instituição de grande prestígio na sociedade. É também uma oportunidade de apoiar o desenvolvimento de um trabalho que considero necessário, de incentivo a leitura e a divulgação cultural.
Era algo que você almejava?
Não. Toda iniciativa partiu de amigos que fazem parte da acadêmica.
O senhor, como escritor, tem um gênero preferido de livro?
Escrevo ficção: conto e romance. Também sou ensaísta, minha próxima publicação será um livro de artigos e resenhas literárias. Como leitor gosto desses mesmos gêneros.
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Tem algum livro que marcou a sua vida?
Vários livros marcaram a minha vida, a exemplo de O encontro marcado, de Fernando Sabino, e O tempo e vento, de Érico Veríssimo. Gosto muito dos contos de Kafka, de Tchekov, de Edgar Allan Poe, de Jorge Luís Borges e Ray Bradbury, para citar apenas alguns. Há romances inesquecíveis, como Crime e castigo, de Dostoievski, O poder e a glória, de Graham Greene, Horizonte perdido, de James Hilton... São muitos!
Qual é o seu escritor preferido? Você teve influência de alguém?
Vários autores marcaram o meu processo de percepção e, conseqüentemente, de criação literária. Tchekov, Graciliano Ramos, Rubem Braga... São parâmetros do que considero escrever bem.
Para ser escritor, tem que ter o dom?
Penso que as pessoas nascem com determinadas habilidades que são inatas e que podem ser desenvolvidas. Para aprimorá-las, entretanto, é necessário dominar técnicas. Para todas as áreas, seja nas artes, na literatura, no esporte, é necessário ter talento, mas o talento, sem trabalho, não é suficiente. Para ser escritor é necessário ler muito, pesquisar e experimentar para, um dia, poder encontrar seu estilo próprio. O resultado final é fruto de muito trabalho.
Por: Belissa Marchi
Naiara Rocha
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